Adão, Cristo e Darwin: ascensões
Que estranha relação une estas personagens tão distantes no tempo, no espaço, na realidade e, mais fundamental, no pensamento, intenções e consequências? A Igreja Católica, com a sua fantástica capacidade de adaptação e mutação conseguiu, num dado momento muito especial da história recente, uni-los.
O Concílio Vaticano II, encerrado por Paulo VI a 8 de Dezembro de 1965, realizou-se num momento crítico da vida da Igreja Católica. O avanço de forças progressistas em todo o mundo faziam perigar a estabilidade da estrutura e da hierarquia que de há muito se havia habituado à convivência com o poder instituído. Poder e aliança que era agora contestado. Consequência: as igrejas esvaziavam-se, o baixo clero agitava-se com perigosas interpretações cheias de radicalismo social, a hierarquia era contestada abertamente pelos mais diversos sectores, a revolução sexual, social e política ameaçava os próprios fundamentos da moral católica. Muitos destes problemas ficaram, estão, ainda hoje, sem resposta.
Mas, por outro lado, um largo conjunto de dogmas que haviam até aí regido a vida e pensamento católicos tornaram-se insustentáveis perante o inexorável avanço da ciência. Para além da Reforma Litúrgica inscrita na Constituição Sacrosanctum Concilium
Todos os três de maneira consciente ou não, referindo-se à criação, ao princípio, à origem, buscam nela, decidem nela, escolhem nela, o destino, o futuro, a escatologia da nossa espécie.
E parecendo que o fazem de maneira diferente, a verdade é que, todos apontam numa só direcção: para cima, para o mais alto, para o futuro, independentemente da sua forma.
Adão, iniciando a criação e, por seu livre arbítrio, destinando ao conjunto da humanidade que lhe há de suceder, o fardo do pecado original, mas afinal, decidindo (porventura contra a vontade do criador?) este nossa natureza de tensão entre bem e mal que se tornou o motor da nossa inquietação e progresso permanentes.
Cristo, com a segunda criação, no qual o Verbo feito carne eleva a natureza humana à condição divina. A esperança real da superação.
Darwin, profeta científico, que alarga a toda a vida, humana ou não, e fundamenta a necessidade do progresso, da ascensão para uma forma mais perfeita.
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/index_po.htm
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